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sábado, 12 de novembro de 2011

Decoração feita de recortes e lembranças

Colagens e quadros coloridos de Thives ganham destaque na casa de paredes e piso brancos / Foto? Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
RIO - Caçambas de lixo e entulhos deixados nas calçadas de Copacabana, próximas ao Posto 6, não escapam do olhar sestroso de Anderson Thives, artista plástico conhecido por suas versões de quadros famosos e imagens de personalidades e santos, feitas a partir de recortes de revistas. Dali, o capixaba costuma retirar peças e muita inspiração para a sua casa.
- Os meus amigos ainda têm que me ajudar a levar os objetos para casa, mesmo que fiquem morrendo de vergonha - brinca Thives.
Ao som da cantora britânica Adele, o artista plástico usa tinta, pincel, tecidos, cola e papéis para transformar os objetos recém-resgatados e combiná-los com a sua decoração inspirada na pop art e cheia de colagens.
Foi o caso de um varal encontrado numa esquina próxima à sua casa. Como não precisava de espaço para estender roupas, Thives resolveu, com a ajuda do amigo e arquiteto Pedro Kastrup, transformá-lo em base de luminária de teto. A peça foi instalada sobre a mesa de trabalho.
- Compramos fios de cristal, lâmpadas balão de led e bocal e os penduramos, como roupas, no varal - explica Kastrup.
A escolha do branco como a cor predominante da estrutura do apartamento não foi por acaso. Thives gosta de fazer de sua casa uma tela de arte.


- De vez em quando mudo a cor de uma parede, dou uma cara diferente ao piso vinílico da sala. Além disso, é bom ter uma base branca para destacar meus quadros e objetos supercoloridos.
Um palete, encontrado no fim de um evento de decoração, por exemplo, foi todo coberto por pedaços de papéis brancos e transformado num rack. Já que a televisão estava ali por perto, dando sopa, Thives preferiu cobri-la, também, com seus recortes claros.
- Não sou muito de ver TV e achei que o design da peça não combinava com o rack. Resolvi disfarçá-lo de branco para transformar aquele cantinho num trabalho de arte - explica Thives.
O sofá da sala também foi todo pintado de branco para contrastar com as almofadas coloridas compradas na Saara, a mesa de centro preta repleta de livros de arte e o santuário, que fica no alto do ambiente, todo iluminado.


Esses santos são todos da minha avó. Eles estavam dentro de uma caixa, a única que havia no apartamento depois que ela faleceu - recorda o artista. - Foram eles que inspiraram uma das minhas exposições, a "Santo forte".
A poltrona do quarto não escapou de uma pinturinha básica. A tinta de couro amarela cobriu o tom marrom da peça. Para dar um toque pop à peça, o assento foi coberto por uma canga com o símbolo da marca de balas "Chiclets".
Entre uma mudança e outra, algumas peças perdem sua função. Mas o artista não as descarta. Prefere dar a elas novos usos. Como a moldura de quadro, transformada em porta-toalha para o banheiro. A garrafa de vodka vazia acabou não indo para o lixo: virou recipiente de sabonete. E as gavetas de uma antiga estante também ganharam novas funções. Uma delas agora é banco da sala, e a outra ganhou portas para guardar "aquelas águas que passarinhos não bebem", quer dizer, bebidas alcoólicas.
- Busco uma decoração que me faça sorrir ao acordar. Por isso trabalho e vivo num lugar colorido - diz o artista.
Se por acaso alguém encontrar um rapaz de olhos claros revirando os cantos das ruas de Copacabana, pode desconfiar de que talvez seja, sim, Anderson Thives, à procura de mais uma peça para sua casa.

Fonte:globo.com

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