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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Reciclado e aprovado

Madeiras, tijolos, azulejos e outras peças provenientes de demolição garantem um toque especial a projetos de todo tipo


Os materiais de demolição estão em alta. O conceito sustentável desse tipo de produto, o charme rústico e a história que carrega cada peça fascinam cada vez mais arquitetos e proprietários. Seja na estrutura ou na decoração, reutilizar madeira, azulejos e grades de ferro, entre outros elementos, traz ganhos econômicos, ambientais e estéticos.

Confira abaixo onde cada tipo de material pode ser utilizado e quais os cuidados necessários para se trabalhar com eles:





A aplicação de dormentes (Empório dos Dormentes) com cimento e ladrilho hidráulico neste piso é um exemplo inspirador de utilização de material de demolição.

Madeira - A reutilização da madeira, além das suas múltiplas aplicações, é essencial para a questão ambiental. Toras de demolição de diversos tipos podem se transformar em bancadas de lavabos ou de cozinhas, soleiras, deques, pisos, painéis e juntas de dilatação de piso de cimento queimado. As possibilidades são ilimitadas. Tudo depende da criatividade. Alguns cuidados, no entanto, devem ser tomados para que a solução seja duradoura e não traga danos ao resultado final. "O que deve ser levado em consideração é o tipo de madeira e o local onde será empregada, pois algumas não podem ficar expostas ao sol e à chuva, por exemplo", explica o arquiteto Marcos André Martins. É sempre bom consultar um profissional para indicar se a peça deve receber algum tratamento especial.


Tijolos - Quando empregados em áreas internas ou externas, tanto no piso como nas paredes, garantem um clima rústico e acolhedor aos ambientes. Em construções mais antigas, alguns arquitetos optam por remover os revestimentos mais atuais até encontrar os tijolos originais na parede. "Por serem muito porosos, exigem algum tipo de acabamento, como, por exemplo, verniz poliuretânico", afirma a arquiteta Miriam Vaccari.

Ladrilho hidráulico - Com estampas versáteis, os ladrilhos, que antes eram utilizados em fazendas antigas, garantem ares nostálgicos e combinam até com os projetos mais contemporâneos. Eles podem revestir paredes inteiras ou apenas pequenas faixas. Ficam bem também como um "tapete" ou então servindo de moldura para o piso de cimento queimado. Na hora de aplicar, vale consultar um especialista e tratar as peças, que, por serem muito porosas, necessitam de uma impermeabilização.

Grades e portões - Peças de ferro, quando bem conservadas e protegidas da umidade, podem ser um achado. Grades e portões antigos, além de exercer novamente suas funções principais, podem ser usados como decoração ou em projetos paisagísticos, como suporte de uma horta vertical, por exemplo.


Azulejos - Algumas peças, principalmente as garimpadas em cemitérios de azulejos, são verdadeiras obras de arte. Tiragens limitadas e estampas artesanais encarecem as peças. O resultado, porém, é incomparável. O segredo é a paciência para vasculhar entre milhares de opções. As aplicações mais comuns são em paredes ou frontões de bancadas de cozinha.

Vitrais - Os famosos vidros estampados, muito utilizados em igrejas, podem ser incorporados a espaços residenciais. Combinam especialmente com ambientes bem iluminados, que destaquem as cores e texturas. "Ficam muito charmosos em portas e janelas de madeira e em peças de ferro, sobretudo quando pintados de preto ou com aspecto enferrujado, pois as deixam mais elegantes e requintadas", diz Marcos André.


O conceito de sustentabilidade norteou o projeto assinado por Miriam Vaccari para esta casa de vila. Os proprietários pediram ares modernos e rústicos. Assim, a arquiteta usou tijolinhos no piso do quintal, cruzetas de madeira na bancada e na soleira do lavabo, bem como no hall e na porta principal, peroba rosa no piso dos dormitórios e dormentes no guarda-corpo da varanda. Os materiais foram encontrados em depósitos na região do Butantã, em São Paulo.


A casa da fazenda foi inspirada em um celeiro e, para dar tal aspecto aos ambientes, Teca Vidigal precisava de materiais que transmitissem ares rústicos. Dessa forma, ela trabalhou com tijolos de demolição em tamanhos grandes, encontrados na cidade de Nazaré Paulista, em São Paulo, e ladrilhos hidráulicos da Ibiza, aplicados como tozetos no piso de cimento queimado. A porta, a arquiteta mandou fazer a partir de madeira peroba-rosa garimpada no Velhão.

O charme retrô da adega do apartamento projetado por Cilene Monteiro Lupi foi conferido por meio de velhos caixotes de vinho e de madeira de demolição. Todo o material foi lixado e ganhou uma camada de verniz, para manter a durabilidade. "Entre os ganhos estão a menor utilização de madeira não certificada e a reutilização de materiais que seriam descartados na natureza", afirma.


Revestir uma das paredes do living com madeira de demolição canela, fornecida pela Marcenaria SA foi a opção da arquiteta Karina Afonso para criar um contraste interessante e evidente com a decoração requintada e clássica deste apartamento. Além dos essenciais ganhos estéticos, o material reforçou a sensação de conforto do ambiente.

Para dar um toque descontraído à sala de estar da Mostra Artefacto Haddock Lobo 2011, a arquiteta Maithiá Guedes usou um painel de madeira de demolição com frases relacionadas ao tema "família" gravadas diretamente no material. As peças, garimpadas na Mentha, receberam uma camada de verniz selador para proteger e escurecer o tom.



Ao transformar a casa em um escritório de consultoria , o arquiteto Marcos André Martins manteve o estilo original e o jeito acolhedor do imóvel. Assim, a lareira em alvenaria permaneceu no projeto e foi repaginada. O arquiteto revestiu a estrutura com madeira de demolição cruzeta, retirada de antigos postes de iluminação, para criar um clima mais aconchegante, ecológico e sustentável.


O limite do terreno dessa casa , localizada em um condomínio fechado em Curitiba, não era demarcado, ou seja, o acesso era livre. No entanto, por conta de um cãozinho de estimação, se fez necessário fechar parte do espaço. Em vez de um portão de madeira ou com linhas retas, Ana Padilha optou por um portão antigo que, segundo o dono do Barranco Ferro e Aço, veio de um velho açougue. A arquiteta apenas pintou a peça com tinta automotiva e trocou a fechadura.




No Lounge do Músico, na Casa Cor 2011, Fernanda Fernandes prestou uma homenagem a Fafá de Belém. A inspiração veio de longe, de Belém do Pará. Assim, a arquiteta foi buscar madeira nos trapiches, ou deques, da cidade natal da cantora. "As toras, que estavam expostas a intempéries e aos altos níveis pluviais da Amazônia há mais de 50 anos, foram retiradas uma a uma com muito cuidado e devidamente higienizadas antes de sua instalação", conta.

"O uso da madeira de demolição une o conforto à rusticidade", define Maria Antônia Penteado. A arquiteta aproveitou o recurso para criar dois ambientes para o showroom da Casa Cenário. Nos espaços, uma sala de estar e outra de jantar, o material foi utilizado em mobiliários, painéis ripados e revestimentos de colunas. "Mesclado às fibras naturais dos estofados e tapetes, aquece e dá sensação de aconchego aos ambientes", diz.

Vamos garimpar?

Para encontrar esse tipo de material, é necessário atenção, paciência e disposição. Ferros-velhos escondem verdadeiras preciosidades, assim como grandes bazares e até as caçambas de entulho nas ruas. Existem, é claro, lojas especializadas em material de demolição e antiquários com extensas coleções que podem ser aproveitadas. Confira abaixo alguns endereços e garimpe o que melhor combinar com seu projeto:




Fonte: uol.com.br

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